Page 17 Demo
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Ler e interpretar
O tombo do minuto
[...] Juju abriu os olhos assustada.
–– Quem é você? –– Perguntou ao minuto ainda tonto no chão.
–– Sou o minuto do relógio. Isto é, não sou do relógio. As pes-
soas é que pensam assim. Já estou cansado de ficar preso e esque-
cido. Por isso, estou fugindo.
–– Mas quem prendeu você?
–– Quem me prendeu foi tanta gente... Olha, vou lhe contar
minha história: há muito tempo, eu estava solto pelo mundo! Eu
brincava com o Sol, dançava na chuva, corria nos rios, balançava
nos ventos. Fazia cafuné na meninada. Ajudava as plantas a cres-
cerem, conversava com as crianças.
[...] Ninguém me via. Mas todo mundo me vivia. Ninguém tinha
medo de mim. Daí, inventaram o relógio. “Cada passo do ponteiro
vai se chamar um minuto!”... E eu fiquei sendo o minuto do reló-
gio... Preso na volta do relógio. [...] De que vale um minuto preso
na volta do relógio? [...] Vale para medir o tempo. Como se o tempo Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
fosse feito para ser medido! Sabe como é que as pessoas medem
o tempo?
–– Não.
–– Olhando no relógio! Como se o tempo estivesse no relógio!
–– E onde está o tempo? [...]
–– [...] O tempo está na flor que se abre. No Sol que brilha. Na
chuva que rega a terra. [...] Não quero ficar preso! Eu nasci para
fazer o movimento do mundo.
O minuto se levantou e saiu pelo mundo afora. [...]
Lídice Marly de Castro. O tombo do minuto. In: Cecília Reggiani Lopes (ed.).
Histórias para ler e ouvir. São Paulo: Global, 1981. p. 26-28.
a) Qual é a personagem que conta essa história? O minuto.
b) Como o minuto vivia antes da invenção do relógio? Ele vivia solto pelo mundo, livre para brincar
com o Sol, dançar na chuva, correr nos rios, balançar nos ventos, fazer cafuné na
meninada, conversar com as crianças e ajudar as plantas a crescer.
c) O que aconteceu com o minuto quando inventaram o relógio?
Ele ficou preso na volta do relógio.
d) Segundo a personagem, o tempo está no relógio? Você concorda
com essa ideia? Justifique sua opinião.
Não. Segundo a personagem, o tempo está na flor que se abre, no Sol que brilha, na chuva que rega a terra.
Espera-se que os alunos percebam que o relógio é uma invenção humana, que serve apenas para medir a
passagem do tempo, mas não é o tempo em si.
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